Você já ouviu falar na capsulite adesiva? Talvez a sua resposta para essa pergunta seja não, mas se você já teve um quadro de dor intensa no ombro, que evoluiu para uma dificuldade de movimentar os braços, pode ser que você sofra dessa doença sem saber. Nesse caso, o recomendado é conhecer melhor todos os sintomas e tratamentos. Para isso, continue a sua leitura e esclareça todas as dúvidas.

O que é a capsulite adesiva?

A capsulite adesiva pode ser chamada também de “síndrome do ombro congelado”, mas se você está pensando que essa patologia está associada às baixas temperaturas do inverno, está enganado. Na verdade, a origem dessa nomenclatura popular está ligada a uma das principais características desse quadro clínico, que é a rigidez na articulação do ombro, dando a impressão que a região está congelada.

O nome “capsulite”, por sua vez, está relacionado ao fato de que essa lesão atinge a cápsula articular, uma estrutura elástica, flexível e à base de colágeno, que reveste a articulação e ajuda o ombro a realizar os movimentos e ter estabilidade. Quando inflama, no entanto, ela fica inchada, causa dor e perde a elasticidade, causando a rigidez.

Segundo dados divulgados pela Revista Brasileia de Ortopedia, essa inflamação é mais comum entre as mulheres. Além disso, ela costuma se manifestar com maior frequência entre pessoas na faixa dos 40 aos 60 anos de idade.

Já um estudo divulgado no 10° Fórum de Ensino, Pesquisa, Extensão e Gestão (FEPEG) revela que, normalmente, a capsulite adesiva tem mais incidência no braço não dominante. Isso significa que, em pessoas destras, o problema costuma atingir o ombro esquerdo e, em pessoas canhotas, a síndrome é mais comum no ombro direito.

Fases da capsulite adesiva

A capsulite adesiva está longe de ser uma novidade para a Medicina, ainda assim existem muitos questionamentos e incertezas relacionados a essa doença. As causas da origem, por exemplo, ainda não são muito conhecidas. O que se sabe, porém, é que essa síndrome acontece em três fases com sintomas bastante característicos em cada uma delas:

Fase inicial:

Também conhecida como aguda, é nessa fase que o paciente começa a sentir os primeiros sintomas da capsulite adesiva, que são a dor intensa e a limitação dos movimentos. Pode ter de dois a nove meses de duração.

Segunda fase:

Nesse estágio, a dor diminui progressivamente, no entanto, a limitação dos movimentos se mantém e há uma perda quase que total da rotação externa. Se estende dos quatro aos 12 meses seguintes à fase inicial.

Fase de resolução:

Na terceira e última fase, acontece o “descongelamento”, ou seja, o paciente apresenta uma melhora espontânea da dor e recupera a amplitude dos movimentos de forma gradual. Pode levar de dois a três anos para a recuperação total.

O fato de o paciente apresentar melhoras de forma espontânea, isso é, sem a ajuda de um tratamento, é mais uma das características específicas da capsulite adesiva, já que a maioria dos problemas ortopédicos precisa do acompanhamento de um especialista para apresentar melhoras.

Ainda assim, é importante reforçar que essa recuperação é lenta e pode levar meses ou até anos para acontecer, por isso buscar a ajuda de um médico é muito recomendado para aliviar a dor e recuperar os movimentos do braço mais rapidamente.

Diagnóstico da capsulite adesiva

Apesar de ter algumas características bastante marcantes, diagnosticar a capsulite adesiva não é tão simples assim, afinal existem outras patologias que apresentam sintomas semelhantes e podem gerar dúvidas.

Para evitar problemas no diagnóstico e, principalmente, tratamentos inadequados – que podem agravar ainda mais o quadro inflamatório – o médico especialista irá, antes de mais nada, realizar um exame clínico no paciente, isso é, ouvir sobre as queixas e sintomas e fazer um teste físico para avaliar a inflamação e em que nível se encontra.

O segundo passo é a realização dos exames complementares, como a radiografia ou a tomografia axial computadorizada, que oferecem uma visão melhor do problema e são essenciais para que o especialista defina com precisão que a origem das dores está relacionada realmente à capsulite adesiva e não a outras patologias.

Como é feito o tratamento da capsulite adesiva

A maioria dos casos da síndrome do ombro congelado é tratada sem a necessidade de uma intervenção cirúrgica. No entanto, tudo irá depender da evolução do quadro do paciente perante às abordagens conservadoras e também da fase em que a capsulite adesiva se encontra.

Durante a fase inicial, é comum que sejam prescritos anti-inflamatórios para controlar a inflamação e diminuir a dor, já que, nos primeiros meses, esse é o principal sintoma dessa patologia que afeta o ombro. Além disso, para aliviar os incômodos causados pelo estágio inicial da capsulite adesiva, o ortopedista pode recomendar que sejam realizadas compressas na articulação inflamada.

Na segunda fase, a dor costuma ser menos intensa, por isso o tratamento é focado em ajudar o paciente a recuperar a amplitude do braço. Para esses casos, o recomendado são sessões de fisioterapia – sempre com profissionais capacitados, uma vez que, se não for tratado corretamente, o problema pode apresentar pioras – ou ainda infiltrações de corticoides e bloqueios seriados do nervo supraescapular com anestésicos locais.

Por fim, se nenhum dos tratamentos apresentarem um resultado satisfatório, a melhor alternativa pode ser submeter o paciente a um procedimento cirúrgico, que é realizado por meio da artroscopia, a fim de liberar a cápsula articular. Normalmente, essa cirurgia costuma apresentar ótimos resultados, incluindo uma melhora imediata na movimentação do braço.

Apesar da eficiência da cirurgia, é importante reforçar: tanto o tratamento quanto o procedimento cirúrgico podem ser diferentes para outros tipos de doenças que acometem os ombros. Por esse motivo, consultar um ortopedista de confiança e ter um diagnóstico preciso é indispensável para que o paciente apresente melhoras em seu quadro de capsulite adesiva.

Dr Mauro Choi
Ortopedia e Traumatologia
Especialista em cirurgia de Ombro e Cotovelo
CRM-SP 146874 RQE 51757