A fratura de clavícula é um problema fácil de ser identificado tanto pelo paciente quanto pelo médico. Afinal, os sintomas são bastante característicos, mas, antes de entrarmos nesse assunto, vamos entender melhor essa estrutura óssea.

O que é a clavícula?

A clavícula é um osso em formato de “S”, que fica localizado na base do pescoço e tem um papel muito importante: ele conecta o braço ao tronco, por meio de duas articulações, a articulação esternoclavicular e a articulação acromioclavicular.

Em outras palavras, a função da clavícula é manter os braços livres e afastados do corpo, para que possam realizar todos os movimentos. Por isso é comum que qualquer tipo de lesão nesse osso afete também a mobilidade dos membros superiores.

Outra característica da clavícula é que esse osso é longo – mede aproximadamente 15 cm – e fino, o que contribui para que fraturas aconteçam com mais facilidade. Segundo dados divulgados pela Revista Brasileira de Ortopedia, as fraturas de clavícula correspondem de 2,6% a 10% dentre todas que são registradas em adultos.

No entanto, é importante destacar que a ruptura desse osso não afeta apenas adultos, muito pelo contrário. Esse tipo de problema é muito comum também entre crianças e até mesmo entre bebês.

No caso das crianças, 85% das fraturas na clavícula estão relacionadas aos traumas sofridos durante a prática de esportes ou outras atividades recreativas – também segundo dados compartilhados pela Revista Brasileira de Ortopedia.

Ainda falando sobre a estrutura da clavícula, é importante saber que esse osso é dividido em três porções:
– Terço distal: área localizada próxima ao ombro;
– Terço médio: área central da clavícula;
– Terço proximal: área que fica localizada mais próxima ao tronco.

De acordo com o artigo “Fraturas da Clavícula Distal: Tratamento e Resultados”, 80% das fraturas acontecem na região do terço médio e 15% na região do terço distal. Em alguns casos mais graves, além de quebrar o osso, o paciente pode sofrer também uma ruptura nos ligamentos que fixam a clavícula ao ombro.

Causas da fratura de clavícula

Normalmente, a fratura de clavícula está associada a um trauma, como quedas sobre o ombro, golpes diretos e a prática de alguns esportes de contato, como futebol, basquete e artes marciais, por exemplo. Além disso, é importante destacar também os acidentes de carro ou moto, que, hoje, são os principais responsáveis pela quebra desse osso.

Sintomas

Como dito anteriormente, os sintomas da clavícula quebrada são bastante característicos. Dor, inchaço, dificuldade para movimentar ou levantar o braço, hematomas e sensibilidade na região fraturada são alguns dos sinais dessa lesão.

Dependendo do tipo de fratura, também é possível perceber uma deformação na região da clavícula, como uma protuberância no local lesionado – o conhecido “galo”. Embora seja muito difícil que ocorra o rompimento da pele nessa região, o osso da clavícula, uma vez rompido, pode empurrá-la para cima, causando o “efeito tenda”.

Tipos de fraturas de clavícula

Nem toda fratura na clavícula é igual e identificá-la corretamente é o primeiro passo para um tratamento eficaz. Ao todo, são três tipos diferentes:

– Cominutiva: quando o osso quebra em vários pedaços. Nesses casos, é necessário submeter o paciente a uma cirurgia.

– Transversa: quando a fratura ocorre em uma linha mais ou menos reta. Por ser mais fácil de reparar, normalmente não precisa de cirurgia e pode ser tratada somente com a imobilização do braço.

– Oblíqua: quando a fratura lesiona o osso diagonalmente. Nesse caso, pode haver a necessidade de uma intervenção cirúrgica ou não.

Diagnóstico

Fazer o diagnóstico da fratura de clavícula é bastante simples, devido aos sintomas apresentados pelo paciente e também pelas características da região lesionada. Com um exame físico, o médico já consegue detectar a origem do problema. Isso não exclui, no entanto, a necessidade da radiografia.

O exame de imagem, como o raio-X e, em alguns casos, a tomografia, é solicitado para determinar o local exato da fratura e também a extensão da lesão – já que essas informações são essenciais para definir qual o tratamento mais indicado para o paciente.

Tratamentos para fratura de clavícula

Normalmente, o tratamento para a fratura de clavícula costuma ser bastante simples. O recomendado é que o paciente mantenha o braço imobilizado para acelerar a cicatrização do osso. Para isso, deve-se utilizar uma tipoia imobilizadora pelo período de 4 a 5 semanas – de acordo com a avaliação e recomendação do médico.

Porém, em casos mais sérios, em que os fragmentos fraturados estão muito separados, quando acontece o efeito tenda ou ainda quando há uma ruptura no ligamento, apenas utilizar a tipoia não é suficiente. Nessas situações, é necessário que o paciente passe por uma cirurgia, que consiste em fixar o osso fraturado por meio de estabilizadores, que podem incluir hastes, placas, fios e parafusos.

Após o procedimento cirúrgico, o paciente pode levar de três a seis meses para se recuperar por completo. Ao longo desse período, é necessário utilizar a tipoia imobilizadora. Além disso, nos primeiros dias depois da cirurgia, é necessário também ficar em repouso, conforme a orientação médica.

Tanto os tratamentos conservadores quanto cirúrgicos incluem ainda o uso de medicamentos para o alívio da dor, bem como a realização de sessões de fisioterapia, que são essenciais para que o osso se recupere após a fratura de clavícula e o paciente volte a movimentar essa região do corpo normalmente.

Dr Mauro Choi
Ortopedia e Traumatologia
Especialista em cirurgia de Ombro e Cotovelo
CRM-SP 146874 RQE 51757